sábado, 19 de março de 2011




















Arte ou Vandalismo?



Para algumas pessoas tanto a pichação quanto o grafite são considerados atos de vandalismo, já para outros os dois são uma maneira de expressão artística. A atitude de três adolescentes que foram flagrados no último sábado pichando a escada da Residência Olívio Gomes, no Parque da Cidade, não deixa morrer a discussão sobre a polêmica do que é arte e o que é vandalismo. Na verdade o assunto divide opiniões.

Para o editor da revista 'Artes nas Ruas' e do jornal 'Estação Hip Hop' de São Paulo Geovaldo José, pichação é apenas uma palavra que refere-se a estética que o grafite transmite. "Ninguém usa piche (tinta betuminosa) para escrever, usa o spray."

De acordo com o editor, muitos grafiteiros têm trabalhos tão ruins que podem ser considerados pichadores. "É muito vaga a idéia do bonito ou feio, colorido ou monocromático. Se eu escrever meu nome em uma tela com as letras que costumam aparecer em prédios e levar no museu, o trabalho seria uma pichação?" Segundo José, o grafiteiro é um artista que não precisa de diploma e é livre para criar.

Segundo o presidente do Grupo de Estudos Psicanalíticos RIO 3 Waldemar Zusman há comportamentos humanos de fácil compreensão como o das crianças que choram quando abandonadas, ou o das que riem quando afagadas. Mas há comportamentos estranhos, dos quais não se aprende o sentido imediato.

Para o presidente são atividades aparentemente gratuitas, intrigantes pela persistência e nocivas quanto à sua significação social. A pichação, segundo ele é uma destas condutas.

De acordo com Zusman, mais próximo da verdade
está o fato de que a pichação é uma subversão, um ato de desobediência civil.

A História de um Grafiteiro


Foi um dia difícil para Rodrigo; não passou na prova de álgebra, seus pais brigaram novamente, e na escola aqueles meninos continuavam a zoá-lo. Mas finalmente ele chegou em casa, pegou o spray e grafitou. Grafitou até não aguentar mais. As paredes de seu quarto já estavam completamente lotadas, estava considerando passar a pintar o porão de sua casa, lá era uma bagunça mesmo e ninguém usava; as vezes ficaria até mais bonito com sua arte lá. Porém, existia um problema: sua mãe o chamaria de vândalo novamente. Seu pai até o defenderia mas em poucos segundos eles começariam a brigar mais uma vez. Ele nao queria ser o motivo de confusão, por isso não pintava em lugares públicos não autorizados. Imagine só a quantidade de problemas que isso poderia causar!
Rodrigo nao entendia. Porque o grafite era o ÚNICO tipo de arte considerado vandalismo? Porque era diferente de pintar com tinta em uma tela? Porque moldar uma pedra pra fazer uma escultura não era considerado vandalismo? Será que os grafiteiros são menos talentosos que os pintores e escultores? Será que saber grafitar não é um dom artístico? O que ele precisava fazer pra que sua paixão não fosse considerado um crime? Como é possivel que arte fosse considerado um crime?
Lógicamente, grafitar em um lugar indesejável à outros não é arte; não é nem grafite, mas sim pixação. Mesmo entendendo o quanto era errado, Rodrigo entendia os pixadores. Talvez não era para vandalizar o local, mas por falta de espaço para se expressar e desabafar. Eles simplesmente não tem outra escolha. Era revoltante pensar no Renascimento quando havia todo tipo de investimento nos artistas e eles tinham toda liberdade para se expressar enquanto hoje em dia não vemos tal
investimentos para a arte. Muito pelo contrario, existe o preconceito contra aqueles que grafitam!
Parecia injusto.
Pessoas sempre precisaram de uma
maneira de colocar um
pouco de si em algo diferente de si mesmo; é por isso veio a arte, a música, a moda, etc.
Grafiteiros precisam de investimento,
espaço para se expressar, para se expor. Grafite não precisa ser algo que destrói um lugar, mas pode edificar, assim como uma pintura edifica sua
parede e uma escultura enfeita seu jardim.